Falar de instrumentos musicais alternativos, é obrigatoriamente lembrar alguns pioneiros na área. Eles se lançaram na busca de novas sonoridades, experimentando amiúde nos materiais, nos conceitos, na produção musical, e na educação musical.
-Anton Walter Smetak: Compositor e violoncelista suíço que se radicou no Brasil em 1937. Em 1953, mudou-se para Salvador-BA, convidado por Hans J. Koelreutter para integrar a fundação e corpo docente da Escola de Música da Bahia. Smetak criou uma série de "plásticas sonoras", com a combinação de tubos de pvc, panelas, cabaças, madeiras, cordas e outros objetos cotidianos. Esse gênio de caráter irrascível e arredio, direcionou-se para o microtonalismo, e criou instrumentos como "A Árvore" e "M2005". Formulador de teorias e conceitos poético-místicos, ele exerceu fortes influências sobre compositores como Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Phillip Glass, Grupo Uakti e outras vertentes que surgiram a partir de 1960. Faleceu em 1984 em Salvador.
-Les Luthiers: Grupo fundado a partir do côro da Faculdade de Engenharia da Universidade de Buenos Aires. Com vários Cds gravados e centenas de shows em diversos países, este grupo tem no humor, irreverência e uso de instrumentos musicais nada convencionais sua principal marca. Pelos títulos de suas composições se pode imaginar o conteúdo satírico: "Cantata Laxatón" (bula de medicamento), "La Redencion Del Vampiro" (Hematopeia) e "Les Luthiers Cuentam La Opera". Alguns instrumentos criados e construídos por eles: Desafinaducha (com uma ducha de banho), Latin (violino de lata) e Mandocleta (com estrutura de bicicleta). É um grupo bem estruturado, que se encontra ativo desde os anos 1960.
-Uakti: Grupo mineiro iniciado por Marco Antônio Guimarães (UFMG, aluno de Smetak), Artur Andrés Ribeiro (UFMG), Paulo Sérgio dos Santos e Décio de Souza Ramos. Com materiais como vidro, borracha, pvc, cerâmica, pedras, água e metais, desenvolveram seus instrumentos, com os quais gravaram vários discos, e acompanharam artistas como Milton Nascimento, Phillip Glass, Manhattan Transfer, Paul Simon e Grupo Corpo. Atuaram também em trilhas sonoras para balé, teatro e cinema. O grupo se encontra em plena atividade, conseguindo transpor também as barreiras da indústria cultural, e atuar com relevância.